sábado, 9 de abril de 2011

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade.

A carta a seguir - tão somente adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parque Nacionais e Reservas do IBDF-IBAMA 88-89, detentor do primeiro Prêmio Nacional de Ecologia.

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade.

        


        

            Prezado Luis, quanto tempo.
        

            Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.

        

            Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?

        

            Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

        

        Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

        

            Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?

        

            Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ..) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

        

            Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

        

        Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

        

        Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

        

        Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?

        

        Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.

        

        Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

        

        Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do

        Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.
        

        Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

        

        Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

        

        Até mais Luis.

        

        Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.




        


        

        (Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)



        Divulgue!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

SOS Global - Região Serrana do Rio de Janeiro

Veja abaixo o trabalho da SOS Global na Região Serrana do Rio de Janeiro, assolado pelas chuvas no começo do ano.
Lembre-se que nosso irmão Daniel também partcipou deste trabalho, em um fim de semana de fevereiro.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Igreja Metodista Livre de Sorocaba - Orações pelo Japão

Todos sabem da tragédia que assolou o japão no último mês e ainda traz sofrimento, como a radiação na usina de Fukushima. Logo após o terremoto, muitas famílias japonesas, inclusive da nossa igreja, procuravam informações sobre seus parentes que estavam no Japão.
A Igreja Metodista Livre de Sorocaba fez uma campanha de oração e a TV local mostrou o trabalho deles. Vejam:


quarta-feira, 6 de abril de 2011

Princípios e práticas para uma boa gestão das finanças pessoais

texto retirado daqui


Princípios e práticas para uma boa gestão das finanças pessoais
 Roney Fares
Publicado em 08.08.2008

Para tratar de assuntos relativos à área de finanças pessoais ou até mesmo economia doméstica, poderíamos iniciar com as mais variadas  abordagens, incluindo aspectos estritamente técnicos como dicas, exemplos, sugestões, etc. No entanto, nosso interesse aqui é levá-lo a entender um pouco mais sobre a amplitude que esta discussão exige, envolvendo até mesmo o seu relacionamento com o próprio Deus e o propósito principal que Ele tem para a sua vida.
Não sei o quanto conseguirei manter a sua atenção para este texto começando com este tipo de introdução, mas não teríamos muitas outras opções a partir do momento em que escolhemos viver uma vida cristã baseada em princípios bíblicos.
Não podemos ignorar o plano macro que Deus tem como pai para nós os seus filhos. Começo lançando este desafio a você, pois, absorver este entendimento é crucial não só para as tomadas de decisão a respeito de finanças pessoais, mas para todas as outras decisões que você precisará tomar ao longo da sua vida. Tomar posse da sua identidade em Deus e estar consciente e constantemente atento a esta verdade, facilitará a gestão de vários outros dos seus projetos.
Seu entendimento sobre Mordomia
Para então chegarmos ao entendimento do que seja uma boa gestão pessoal, sugiro começarmos com uma abordagem rápida sobre Mordomia. Considere que o homem não tem nada se do céu não lhe for dado e de que tudo o que temos aqui na terra permanecerá aqui. Não há possibilidade de levar consigo qualquer que seja o bem material maior alcançado por você nesta terra. Por outro lado é importante considerar também que se vivemos, para o Senhor vivemos. E esta condição é exatamente porque Ele ainda continua tendo um propósito em nossas vidas.
Afinal, não há quem possa afirmar que uma boa alimentação ou uma vida longe do sedentarismo possa lhe garantir firmemente a longevidade, pois, pessoas morrem todos os dias e das mais variadas formas. Por isso, entendendo que estamos aqui com um propósito maior, recebendo todas as coisas do próprio Deus sabendo que não as levaremos daqui e que além de tudo isso não somos nós que definimos nossa permanência sobre a terra, chegamos a uma única conclusão: Somos apenas Mordomos. E que por definição segundo o dicionário Houaiss é exatamente “o individuo encarregado de administrar”.
Não precisamos ir muito longe para conseguirmos uma boa comparação. Se você é Pai como eu, poderá entender esta definição trazendo à memória aquele belo presente dado a um de seus filhos cuja aquisição lhe custou um certo esforço. O mínimo que esperamos é que o que foi dado seja manuseado e bem aproveitado, porém, de forma que seja bem cuidado. É exatamente isso que Deus espera de nós. Não temos nada nesta vida que seja totalmente nosso. Apenas cuidamos daquilo que Deus nos presenteia todos os dias. A própria saúde é um belo presente. Cabe a mim e a você preservá-la. E da mesma forma tudo mais que hoje você tem a sua volta. O que dizer então dos recursos financeiros provenientes das suas tarefas cujas realizações são alcançadas com a permissão dada por Deus que é quem lhe concede saúde e inteligência a cada dia. Mais uma conclusão: Que você seja um bom mordomo.
Mordomia na prática
Sabemos que para alcançar o muito precisamos ser fiel no pouco. Por isso, independe o montante que representa seu orçamento pessoal ou familiar. O segredo está na boa administração dos recursos que Deus tem lhe dado, seja o que for e o quanto for. A recompensa? Sobre o muito Ele vai te colocar.
Acredito que agora possamos caminhar um pouco mais nos aspectos práticos da área financeira, tendo em vista o entendimento da nossa função como administradores de recursos que não são nossos. E a primeira regra diz respeito ao Controle. É preciso conhecer bem os recursos que estão a sua disposição e a forma como eles têm sido utilizados por você. É importante conhecer como evoluem suas contas, principalmente aquelas comuns, tais como: água, luz, gás, telefone, etc. O seu pleno esforço para alcançar níveis maiores de renda pode estar indo por água abaixo (e às vezes até mesmo literalmente).
Existem planilhas disponíveis no mercado (na internet, por exemplo) que poderão lhe ajudar facilitando a identificação de quais são as suas maiores despesas anuais e classificadas por área, como por exemplo: Gastos com habitação (prestação da casa, aluguel, condomínio, outros), gastos com dependentes (mensalidade da escola, curso de inglês, uniforme, dentista, etc.), gastos com transporte (prestação carro, seguro, gasolina, passagens de ônibus, táxis, etc.). Para isso basta um pouco de controle e atenção para registrar periodicamente os dados na mesma. O que não é difícil efetuar se você se dispuser mesmo sem considerar as pequenas despesas e seus detalhes todo dia e a toda hora.
É fato de que poucos de nós nos damos ao luxo de controlar diariamente a quantidade enorme de despesas que temos. No entanto, parar para pelo menos periodicamente fazê-lo conscientemente é importante. Ainda que você tenha que ter suas anotações em um simples caderno. Você precisa estar ciente do quanto representa cada uma das despesas em seu orçamento.  O acompanhamento periódico revelará surpresas interessantes em relação a como tem sido seus gastos no longo prazo e sinalizará saídas interessantes para economia. Portanto, ter de alguma forma o registro e o controle das despesas por grupo é extremamente importante. Faça isso como uma experiência e tire suas próprias conclusões. Com certeza terá grande proveito.
Por uma Mordomia fiel
Poderíamos traçar aqui mais algumas importantes lições de orçamento financeiro familiar, mas gostaria mesmo de deixar registrada a principal delas que diz respeito a nossa postura. Seja um mordomo fiel valorizando cada vez mais o que Deus tem lhe confiado. Planejar e controlar nossa vida financeira se torna mais fácil quando reconhecemos de onde realmente vem a nossa provisão. Deus com certeza tem muito mais para você. Para que você tenha as suas necessidades supridas e possa também suprir as necessidades de outros.
Um forte abraço e sucesso nesta sua nova empreitada com uma nova consciência.